A palestra “O Papel da Divulgação Científica para Combater a Desinformação” reuniu especialistas nacionais e internacionais na Faculdade de Ciências Físicas e Matemáticas (FCFM), liderados por Gema Revuelta, para refletir sobre a importância de comunicar a ciência e enfrentar as ideologias anticiência. O encontro foi possível graças à colaboração entre a União Europeia no Chile e a Casa de Bello, por meio de suas pró-reitorias de Extensão e Comunicações e de Pesquisa e Desenvolvimento.
A globalização e a massificação das tecnologias têm permitido uma comunicação mundial melhor e mais ampla. No entanto, o excesso de informações e a facilidade de disseminar mensagens muitas vezes criam um cenário problemático de desinformação nas comunidades. Nesse contexto, o jornalismo científico e a popularização da ciência podem desempenhar um papel fundamental ao garantir aos cidadãos o acesso a informações precisas e de qualidade.
Na quinta-feira, 12 de dezembro, foi realizada a palestra “O Papel da Divulgação Científica para Combater a Desinformação”, organizada pelas pró-reitorias de Pesquisa e Desenvolvimento e de Extensão e Comunicações da Universidade do Chile, em parceria com a União Europeia. O evento teve como objetivo promover a divulgação científica de qualidade, compartilhando experiências e boas práticas europeias para fortalecer a Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia no Chile.
O evento contou com a participação de Gema Revuelta, diretora do Centro de Estudos de Ciência, Comunicação e Sociedade da Universidade Pompeu Fabra, na Espanha, e vice-presidente da Associação Espanhola de Comunicação Científica. A especialista em comunicação tem se dedicado à divulgação científica e participou do desenvolvimento dos “Princípios de Boas Práticas sobre Comunicação Científica e Inteligência Artificial”, junto com mais de 150 jornalistas especializados em ciência.
Diante dessa iniciativa, o pró-reitor de Pesquisa e Desenvolvimento, Christian González-Billault, destacou: “Como uma das principais instituições geradoras de conhecimento nacional, não podemos nos alhear desse tema, pois é um problema cotidiano e atual que vivemos como sociedade. Devemos ser capazes de questionar como estamos nos informando e também como socializamos esses dados.”
Além disso, González-Billault reforçou a relevância da palestra: “O evento realizado entre a Universidade do Chile e a União Europeia é de grande importância ao nos oferecer diversas abordagens e estratégias para estarmos atentos às informações que circulam, tomando decisões claras e fomentando uma cidadania mais informada e participativa.”
Por sua vez, Mariela Ravanal, diretora de Comunicações da Pró-Reitoria de Extensão e Comunicações da Universidade do Chile, destacou a experiência da Casa de Bello frente aos recentes desafios do país, onde sua participação pública tem crescido. “Houve espaço para participar do debate público, onde informações de qualidade puderam se destacar, tornando-se um refúgio para o público em busca de dados validados. Ouvir a ampla e profunda experiência de Gema nos ajuda a aprofundar essa estratégia e a cumprir nossa missão de contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade informada e mais democrática.”
O papel das comunicações na ciência
O debate, realizado na Faculdade de Ciências Físicas e Matemáticas (FCFM), abordou os desafios que a sociedade enfrenta ao estar exposta a mensagens de desinformação em grande escala.
Nesse contexto, Gema Revuelta ressaltou a importância de manter e fortalecer o papel das comunicações na ciência: “Atualmente, existem ideologias anticiência que apenas promovem a desinformação com base em interesses particulares. Em vez de validar informações produzidas por instituições comprometidas com o conhecimento, essas ideologias tratam a ciência como uma crença, ou seja, uma escolha de acreditar ou não acreditar. Exemplos disso foram observados durante a pandemia e no contexto das mudanças climáticas.”
Revuelta também destacou o papel da tecnologia no agravamento do problema: “Os algoritmos predefinidos tornam muito mais fácil receber informações falsas do que acessar um estudo complexo e verdadeiro.” Ela enfatizou que a ciência precisa estar mais presente no debate público e político, com os comunicadores sendo essenciais para a transmissão dessa informação. Para isso, é necessário promover o jornalismo especializado e aumentar a participação ativa e pública da comunidade científica.
O evento também contou com um painel de debate, com a participação de Katherine Villarroel, diretora executiva do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação; Pablo Brignoli, chefe da Divisão de Ciência e Sociedade do Ministério de Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação; Alexia Núñez, acadêmica da Faculdade de Ciências da Universidade do Chile; e Jaime Ortega, acadêmico da Faculdade de Ciências Físicas e Matemáticas. A moderação ficou a cargo de Pascale Fuentes, jornalista especializada em temas científicos.
Durante o debate, Alexia Núñez refletiu sobre os avanços recentes: “A atividade científica tem mudado nos últimos anos, especialmente na última década, com a crescente necessidade de que o conhecimento ultrapasse os limites das instituições acadêmicas e alcance a sociedade. Essa é uma missão já estabelecida por muitas universidades, incluindo a Universidade do Chile. Por isso, cientistas e acadêmicos não devem apenas gerar conhecimento, mas também comunicá-lo de forma eficaz.”
Texto em espanhol por Carlos Lizana Fernández, jornalista de Comunicações da Pró-Reitoria de Pesquisa e Desenvolvimento (VID) da Universidade do Chile.
Fotografias: Felipe PoGa, Departamento de Comunicações, Universidade do Chile.
























