Reitores da Espanha e do Chile estreitam laços para promover a cooperação acadêmica

O evento reuniu o CRUCH e a Conferência de Reitores das Universidades Espanholas (CRUE), que assinaram um acordo de colaboração com o objetivo de tecer uma cooperação estratégica e duradoura. O evento foi estruturado em torno de tópicos como mobilidade estudantil e acadêmica, colaboração em pesquisa, ciência aberta, inteligência artificial e ética, e aprendizagem ao longo da vida por meio de microcredenciais.


Na manhã de segunda-feira, 21 de abril, teve início o “Primeiro Encontro de Reitores Chile – Espanha: Desafios da Universidade no Século XXI” na Universidade de Santiago do Chile (Usach), com a participação das mais altas autoridades da Conferência de Reitores das Universidades Espanholas (CRUE) e do Conselho de Reitores das Universidades Chilenas (CRUCH).

O evento foi realizado nos dias 21 e 22 de abril com o objetivo de promover um diálogo bilateral com vistas à elaboração de uma agenda de cooperação acadêmica em cinco áreas-chave para o ensino superior: universidades como espaços de encontro; Ciência Aberta e gestão do conhecimento; Inteligência Artificial e ética; mobilidade acadêmica e cooperação cultural; aprendizagem ao longo da vida e microcredenciais.

“Dar as mãos, discutir e projetar o trabalho conjunto é, sem dúvida, um processo muito valioso, para o qual convidamos a todos”, disse o reitor da Universidade de Tarapacá e vice-presidente executivo do CRUCH, Emilio Rodríguez, que deu as boas-vindas à reunião. Ele disse que o trabalho colaborativo na ciência é essencial, assim como a mobilidade estudantil, e acrescentou que existem condições para um acordo de cooperação com uma perspectiva de longo prazo baseada em valores comuns que podem ter um impacto importante no desenvolvimento dessas instituições.

Por sua vez, a Presidente da Conferência de Reitores das Universidades Espanholas e Reitora da Universitat Jaume I, Eva Alcón, destacou que esse evento é uma grande oportunidade de diálogo para abordar questões relevantes como a aprendizagem ao longo da vida, “para que ninguém seja excluído de estudar em uma universidade por causa de características individuais ou condições socioeconômicas”.

Por sua vez, o Ministro da Educação, Nicolás Cataldo, disse que essa atividade é um reforço de um vínculo histórico entre as duas nações, em um momento em que o intercâmbio de experiências, inovação e tecnologia é cada vez mais necessário em um mundo global que vê ameaçada a importância da evidência, do conhecimento e da ciência. “Esperamos que este seja o primeiro de muitos passos de colaboração entre nossos países, impulsionados pela academia e pela pesquisa”, acrescentou o ministro.

Durante os dois dias de sessões, foram abordadas questões fundamentais para o futuro do ensino superior em ambos os países e foram exploradas várias estratégias para promover o intercâmbio cultural e acadêmico entre as universidades da Espanha e do Chile, com foco na consolidação de uma agenda de cooperação bilateral de longo prazo. Assim, a reunião também serviu para selar uma aliança estratégica entre a CRUE e a CRUCH, que estabelece a base para futuras iniciativas conjuntas entre universidades espanholas e chilenas. O acordo inclui, entre outros aspectos, o fortalecimento da mobilidade acadêmica e estudantil, a cooperação em projetos de pesquisa e o intercâmbio de boas práticas universitárias.

Mesas-redondas para diálogo

A reunião consistiu em cinco sessões, cada uma estruturada em torno de um dos temas centrais. A primeira foi intitulada “As instituições de ensino superior como espaços de encontro para o Chile e a Espanha: ontem, hoje e amanhã” e teve como objetivo refletir sobre o papel das instituições de ensino superior na construção de um espaço comum de conhecimento entre o Chile e a Espanha, abordando os desafios regulatórios e as oportunidades para fortalecer o reconhecimento mútuo de diplomas e qualificações acadêmicas.

Os participantes do diálogo incluíram o Reitor da Universidade de Las Palmas, Lluis Serra; o Reitor da Universidade Internacional da Catalunha, Alfonso Méndiz; o Reitor da Universidade de Santiago, Rodrigo Vidal; o Reitor da Universidade de Los Andes, José Antonio Guzmán; e o Reitor da Universidade de Bío-Bío, Benito Umaña. O intercâmbio foi moderado pelo Delegado do Presidente para o Desenvolvimento da LOSU e Reitor da Universidade de Murcia, José Luján.

A agenda continuou com o painel “Ciência aberta e gestão do conhecimento”, que teve como objetivo analisar as oportunidades e os desafios da ciência aberta, incluindo a disseminação gratuita do conhecimento, a gestão de dados de pesquisa, a colaboração interdisciplinar e o impacto social da produção científica.

A conversa reuniu a Reitora da Universidade do Chile, Rosa Devés; o Presidente da CRUE – I+D+i e Reitor da Universidade de Castilla-La Mancha, Julián Garde; o Reitor da Universidade de Extremadura, Pedro Fernández Salguero; o Reitor da Universidade de Oviedo, Ángel Ignacio Villaverde; e o Reitor da Universidade de Concepción, Carlos Saavedra. O diálogo foi moderado pela Reitora da Universidade Tecnológica Metropolitana (UTEM), Marisol Durán.

Na parte da tarde, a terceira sessão foi “Inteligência Artificial e Ética”, que teve como objetivo explorar o impacto da IA no ensino superior, sua aplicação nos processos de ensino, avaliação, pesquisa e gestão, bem como os princípios éticos e normativos que devem orientar sua implementação.

O diálogo foi moderado pelo Reitor da Universitat Politècnica de València, José Capilla, e contou com a presença do Presidente CRUE – Teaching e Reitor da Universidad Pública de Navarra, Ramón Gonzalo; do Reitor da Universidad Politécnica de Cartagena, Mathieu Kessler; do Reitor da U. Técnica Federico Santa María, Juan Yuz; e do Reitor da U. de Talca, Carlos Torres.

A última sessão do dia foi intitulada “Mobilidade acadêmica e cooperação cultural entre Chile e Espanha” e teve como foco a discussão de estratégias para fomentar o intercâmbio de estudantes, professores e pesquisadores, superar barreiras administrativas e promover programas conjuntos que fortaleçam a internacionalização do ensino superior.

A discussão reuniu a Reitora da Universidade Católica de Ávila, María Rosario Sáez Yuguero; o membro do Comitê Permanente da CRUE e Reitor da Universidade Pablo de Olavide, Francisco Oliva; a Reitora da Universidade Metropolitana de Ciências da Educação, Elisa Araya; e o Reitor da Universidade Católica de Valparaíso, Nelson Vásquez. O moderador foi o Reitor da U. de Valparaíso, Osvaldo Corrales.

Na terça-feira, a última sessão foi “Aprendizagem ao longo da vida e microcredenciais”, com o objetivo de discutir o papel das instituições na oferta de treinamento contínuo, o desenvolvimento de competências ao longo da vida e a incorporação de microcredenciais para reconhecer habilidades específicas em um contexto de trabalho em constante mudança.

Moderado pelo Reitor da U. Alberto Hurtado, Cristián del Campo, o diálogo reuniu a Presidente da CRUE – Assuntos Estudantis e Reitora da Universidade de Huelva, María Antonia Peña; o Reitor da Universidade de A Coruña, Ricardo Cao; a Reitora da U. de O’Higgins, Fernanda Kri; e o Reitor da U. Católica de la Santísima Concepción, Cristhian Mellado.

A reunião foi encerrada com um discurso da Presidente da CRUE e Reitora da Universitat Jaume I, Eva Alcón, que também inaugurou o ano acadêmico da Universidade de Santiago.

Ciência aberta e gestão do conhecimento

Na mesa-redonda com o Reitor Devés, o primeiro tópico abordado pelos membros do painel foi o dos repositórios digitais e o consequente desafio de “integrá-los aos processos de transformação e vinculação com o ambiente”.

O Reitor Garde começou afirmando que “os repositórios universitários progrediram muito nos últimos anos e fizeram um ótimo trabalho ao tornar abertas não apenas as publicações, mas também ao começar a abrir dados, procedimentos e processos de pesquisa”.

Em seguida, o Reitor Fernández defendeu que eles devem servir “para o intercâmbio de qualquer assunto relacionado à pesquisa e à transferência, e não apenas como um local para carregar informações”. Enquanto isso, o Reitor Villaverde enfatizou que o conhecimento deve fluir livremente “e não ser um produto que é comprado e vendido no mercado”.

Por sua vez, a Reitora Devés enfatizou a importância da transparência, do diálogo com a sociedade e da confiança, especificamente em dois sentidos: “a confiança necessária para abrir os dados e a confiança gerada por tê-los disponíveis”. “Se tivéssemos que pensar em uma resposta para os males que estamos enfrentando como sociedade e as tensões que estamos sofrendo como universidades, a confiança é essa resposta. Nesse sentido, é positivo abrir as informações, compartilhá-las e fazer com que nossas universidades se tornem muito transparentes”, disse ele.

Para encerrar a rodada, o Reitor Saavedra expressou sua preocupação com a relação entre a Ciência Aberta e o mercado, ao qual atribuiu a capacidade de “pegar as iniciativas mais nobres e transformá-las em um negócio”.

No segundo momento do diálogo, que abordou os desafios para incentivar os acadêmicos a participar da Ciência Aberta e fortalecer as capacidades internas de cada universidade, o Reitor Devés destacou algumas iniciativas existentes na Universidade do Chile. de Chile, como o Co-laboratório da Faculdade de Ciências Sociais, um sistema aberto que divulga a produção científica dos pesquisadores, e o CopernicusLAC Chile, que funciona como um centro dedicado ao armazenamento, processamento e distribuição de dados de satélite do Programa Copernicus e à prestação de serviços de interesse regional para o benefício de todos os países da América Latina e do Caribe.

Ele também destacou a importância de implementar diferentes abordagens na Ciência Aberta, como o incentivo à ciência cidadã, que foi gerado na Universidade do Chile, por exemplo, graças à iniciativa da professora Audrey Grez, da Faculdade de Veterinária e Pecuária. O incentivo da ciência cidadã, que foi gerado na Universidade do Chile, por exemplo, graças à iniciativa da professora Audrey Grez, da Faculdade de Veterinária e Pecuária, cujo projeto sobre a espécie invasora Harlequin Warbler (Harmonia axyridis) permitiu mapear a presença dessa espécie em nível nacional por meio da participação dos cidadãos, e o projeto dos professores María Angélica Larraín, da Faculdade de Ciências Químicas e Farmacêuticas, e Cristian Araneda, da Faculdade de Ciências Agronômicas, que realizaram pesquisa básica e aplicada sobre o mexilhão chileno (Mytilus chilensis) por meio de trabalho colaborativo com pescadores artesanais no sul do Chile.

Texto cortesia da Assessoria de Imprensa da Reitoria da U. de Chile / Fotografias: Felipe Poga